Com o crescimento da mobilidade elétrica em Portugal, muitos condóminos estão a pensar instalar carregadores para veículos elétricos (EV) nas garagens dos seus prédios. Apesar de existir legislação que apoia essa transição, o processo de instalação pode ser mais complexo do que parece à primeira vista. Conheça os 6 principais problemas que podem surgir e que exigem atenção para garantir uma instalação segura, eficiente e legal.


1. Infraestrutura Elétrica Inadequada ou Limitada

Muitos edifícios, sobretudo os mais antigos, não estão preparados para suportar a potência adicional necessária para carregar vários veículos elétricos em simultâneo. Há risco de sobrecarga da instalação elétrica existente, podendo causar quedas de disjuntores, danos em equipamentos e até situações perigosas como incêndios.

Além disso, os quadros elétricos atuais muitas vezes não têm espaço físico para acomodar os novos circuitos dedicados aos carregadores, tornando inevitável a realização de obras de adaptação ou a instalação de um novo quadro técnico.

2. Problemas com a Convenção de Condomínio

Apesar de a legislação (como o Decreto-Lei n.º 39/2010) permitir a instalação por iniciativa do condómino, é obrigatório notificar o administrador com 30 dias de antecedência. A instalação não pode comprometer zonas comuns nem afetar a segurança do edifício, sob risco de oposição legal. Qualquer intervenção nas partes comuns pode requerer aprovação em assembleia, o que pode gerar atrasos ou resistência por parte de outros moradores.

3. Falta de Sistema de Acerto de Contas Automatizado

Caso o carregador esteja ligado à energia das partes comuns ou partilhado entre moradores, a ausência de um sistema de faturação automática pode criar dificuldades na gestão de pagamentos. Isso obriga o condomínio a fazer acertos manuais, gerar relatórios, gerir transferências e cobrar valores — o que se traduz em custos administrativos adicionais e potenciais conflitos.

4. Aumento Desnecessário da Potência Contratada

Sem um sistema de carregamento inteligente (smart charging), os carregadores podem funcionar todos ao mesmo tempo, elevando o consumo de pico. Isso obriga o condomínio a contratar mais potência do que realmente precisa, resultando em faturas de energia mais caras.

Em casos mais graves, a potência máxima disponível no prédio pode não ser suficiente para a carga simultânea de vários veículos, o que obriga a realizar um pedido de aumento de potência junto da E-Redes, com custos e prazos adicionais.

5. Ausência de Medição Individual de Consumos

A ligação do carregador à rede comum ou ao quadro do apartamento pode dificultar o controlo exato dos consumos. Sem medidores individuais ou soluções tecnológicas de gestão energética, torna-se difícil garantir que cada utilizador pague apenas pela sua energia, o que pode gerar litígios entre vizinhos e falta de transparência.

6. Desvalorização da Solução a Longo Prazo

Optar por soluções improvisadas ou de curto prazo, como ligar o carro a uma tomada comum ou instalar sem projeto técnico, pode não só comprometer a segurança como dificultar futuras ampliações. Um prédio sem infraestrutura escalável pode ficar limitado na sua capacidade de adaptação à crescente procura por carregamento elétrico, o que representa um entrave à valorização do imóvel e ao conforto dos moradores.


CONCLUSÃO:

Instalar um carregador EV na garagem do prédio é um passo natural na mobilidade moderna, mas requer planeamento técnico, diálogo com o condomínio e soluções tecnológicas adequadas. Apostar numa solução bem projetada — com medição, smart charging e adaptação elétrica — evita complicações futuras e garante um carregamento eficiente, seguro e justo para todos.